A medicina chinesa, também conhecida como medicina tradicional chinesa (MTC), oferece uma filosofia de equilíbrio e harmonia entre os seres humanos e o meio ambiente. Baseia-se na observação cuidadosa da natureza e vê o corpo como um todo orgânico e interação dinâmica entre a energia e a matéria, incorporando a inseparabilidade do corpo, mente e espírito.
A filosofia por trás da medicina é baseada no taoísmo e no confucionismo, que influenciou os primeiros textos médicos, abrangendo a teoria do yin e do yang e as cinco fases (cinco elementos), que subjazem às funções dos órgãos internos. Ambas as teorias fornecem uma estrutura para a compreensão do movimento sutil de qi (energia vital).
O que é qi?
Qi é uma palavra antiga e tem muitos usos variados e significados mais profundos. Em essência, nem sempre pode ser visto, mas através da sua transformação, sua presença pode ser sentida, vivida e compreendida.
Além disso, inclui a sensação de inspirar e expirar e a ideia de uma substância essencial nutritiva e que sustenta a vida, ou mais precisamente, o potencial de mudança dentro de uma substância física. Embora seja difícil de traduzir do chinês para o português, é comummente traduzido como energia vital ou força vital. A literatura recente descreve qi como a menor unidade funcional em qualquer ambiente, seres vivos e nos órgãos.
Qi em medicina
Oconceito de qi é usado para explicar as forças que animam e controlam as funções do corpo humano, que é concebido como um microcosmo do universo. Assim, a teoria médica chinesa se esforça para apreciar a estreita relação entre o corpo humano e seu ambiente natural.
O qi tornou-se conhecido como a substância vital dos seres vivos, que circula por todo o corpo. Consequentemente, desenvolveu-se um sistema para explicar a circulação do qi e servir como uma base da anatomia e fisiologia humana. Esse sistema, caracterizado pela ideia de continuidade ou conectividade, foi denominado jing luo (meridianos ou canais), indicando os principais caminhos pelos quais o qi circula, ligando todas as partes do corpo em um todo orgânico funcional e interagindo com o ambiente em geral. Assim, o corpo foi concebido como um sistema unificado por uma rede de canais, integrando órgãos, ambiente externo, doença e tratamento.
A circulação do qi através da rede de caminhos (meridianos) foi claramente definida e ilustrada há mais de dois mil anos, e reconhecida pelos chineses como a força motriz da própria vida e do movimento no universo.
As variedades complexas do qi animam e controlam vários aspetos da vida humana, tais como respiração, digestão e eliminação, abertura e feixo de poros, emoção e pensamento. Existem muitas classificações diferentes do qi, que se dividem em duas categorias de acordo com as raízes filosóficas chinesas, ou seja, yin e yang. Dentro desta teoria, existe a noção de que o yin requer que uma semente de yang exista e funcione e vice-versa.
Qi em Diagnóstico
Uma das principais preocupações de um praticante de medicina chinesa durante uma consulta é avaliar a condição do qi do paciente, se ele está esgotado, repleto, estagnado ou obstruído em um determinado meridiano ou sistema de órgãos. Uma vez entendido, ele pode ser efetivamente harmonizado e equilibrado, e o paciente vai começar a recuperar-se.
Yin e Yang
Y in e yang são duas forças opostas, porém mutuamente dependentes, que coexistem em tudo e se adaptam e mudam constantemente para novas circunstâncias, criando uma interação dinâmica de energias. Yin é feminino, forma e matéria, escuridão e quietude, caracterizada pelo outono, o inverno e a lua, enquanto yang é masculino, energia e expansão, luz e movimento, caracterizada pela primavera, verão e o sol.
A teoria do Yin e do yang encontra a expressão nas substâncias básicas que compreendem o corpo humano e é concernida com a análise da natureza de uma substância. Na medicina chinesa incluem-se as substâncias húmidas e materiais (essência, sangue e fluidos) descritas como yin e o vapor e energia imaterial (qi e consciência) descritos como yang. Essas substâncias são criadas, renovadas ou aprovisionadas por vários órgãos do corpo. Se o yin e o yang estão em equilíbrio, os órgãos estão funcionando bem, e as substâncias são abundantes e vitais, então há saúde. Se o yin e o yang estão fora de equilíbrio e uma interrupção dos órgãos e substâncias ocorre, então há doença.
O símbolo de yin e yang indica homeostase e auto-regulação e serve como um lembrete da necessidade de equilíbrio
As cinco fases (cinco elementos)
Ateoria das cinco fases, em que se baseia a medicina antiga, trata da categorização e da unificação, esforçando-se por entender a relação de cada peça com a outra dentro do todo. Desenvolveu-se a partir de uma observação atenta das mudanças energéticas nos ciclos e transformações anuais da natureza. Estas cinco energias transformadoras terrestres consistem nos elementos água, madeira, fogo, terra e metal. Cada uma dessas cinco fases é sempre entendida em relação aos outros quatro, significando que cada fase expande uma fase, ao mesmo tempo que limita a outra
Padrões, Causas e Individualidade
A medicina chinesa descreve a saúde e a doença em termos de “padrões” harmoniosos ou interrompidos usando a linguagem metafórica. Uma desarmonia pode aparecer em forma de congestão, uma fraqueza dentro dos órgãos ou substâncias, ou a presença de um fator “climático”, como vento, frio, calor, humidade ou secura. As causas são geralmente atribuídas ao estilo de vida, responsividade emocional, fatores ambientais, hereditariedade e trauma.
A medicina chinesa prefere descrever as manifestações únicas em cada pessoa, em vez de rotular a doença. Assim, visa tratar a singularidade da pessoa e adaptar o tratamento de acordo com a natureza da pessoa.
“A doença pode ser a mesma, mas as pessoas que sofrem com eles são diferentes”. – Hsu Ta-ch ‘un.